Tudo o que o olho humano vê existe dentro de uma porcentagem minúscula do universo. O resto é invisível.
Imagens compartilhadas recentemente pela NASA confirmam isso. As fotos, capturadas pelo Telescópio Espacial Fermi Gamma-ray da agência, mostram a Lua brilhando mais que o Sol!
“Cada imagem de 5 por 5 graus é centralizada na Lua e mostra raios gama com energias acima de 31 milhões de elétron-volts, ou dezenas de milhões de vezes a da luz visível”, diz a NASA em um comunicado à imprensa, acrescentando: “Nessas energias, a Lua é na verdade mais brilhante que o Sol”.
O Telescópio Espacial Fermi Gamma-ray da agência é um observatório espacial de ponta. A NASA enviou o telescópio, junto com todo o seu aparato, para a órbita em 2008.
O telescópio abre uma janela para um universo inesperado.
Por que o céu noturno é escuro?
Até recentemente, os astrônomos estavam presos a uma pergunta que qualquer criança faz em um momento ou outro. Por que o céu noturno é escuro?
Se o universo infinito tem um número infinito de estrelas, nossas noites deveriam ser iluminadas pela luz das estrelas.
Os astrônomos finalmente obtiveram a resposta. Eles descobriram que o universo não dura para sempre — mas está se expandindo, voando para fora em todas as direções.
Então nosso universo, mesmo com seu delírio de estrelas, não tem o suficiente para inundar o céu noturno com luz estelar!
O que vemos empalidece em comparação ao que está lá fora, além dos limites do olho humano.
Para medir a luz e a energia no universo, os astrônomos precisam de outro tipo de vista. Eles precisam de telescópios poderosos estacionados no espaço, onde seus instrumentos tenham uma visão desobstruída, livre da contaminação pela atmosfera da Terra.
Para isso, eles recorrem ao telescópio espacial Fermi da NASA.
Um Universo Inesperado
A NASA, junto com uma equipe internacional de cientistas, projetou o telescópio espacial Fermi para medir raios gama. Assim como a luz visível, os raios gama são feitos de fótons, mas são invisíveis ao olho humano.
Raios gama são uma forma de radiação eletromagnética. Também os chamamos de ondas de rádio, radiação infravermelha, radiação ultravioleta, raios X e micro-ondas.
Uma gama espetacular de processos emite raios gama por todo o universo. Estrelas de nêutrons e pulsares, supernovas explodindo e as regiões misteriosas ao redor de buracos negros produzem explosões massivas de raios gama.
Lua Cheia, Sempre!
Mario Nicola Mazziotta e Francesco Loparco, do Instituto Nacional de Física Nuclear da Itália, em Bari, têm analisado o brilho dos raios gama da Lua.
Eles esperam aprender — no decorrer de sua análise — sobre outro tipo de radiação do espaço: os raios cósmicos.
“Os raios cósmicos são principalmente prótons acelerados por alguns dos fenômenos mais energéticos do universo, como as ondas de explosão de estrelas e jatos produzidos quando a matéria cai em buracos negros”, diz Mazziotta.
As partículas são eletricamente carregadas e sensíveis a campos magnéticos. Como a Lua não tem campos magnéticos, até mesmo raios cósmicos de baixa energia podem atingir sua superfície. Isso transforma a Lua em um tipo de detector de partículas, movendo-se ao longo de uma órbita ao redor do nosso planeta.
Quando os raios cósmicos atingem, eles interagem com a superfície pulverulenta da Lua para produzir emissões de raios gama. A Lua absorve a maioria desses raios gama, mas alguns deles escapam.
“Vista nessas energias, a Lua nunca passaria por seu ciclo mensal de fases e sempre pareceria cheia”, diz Loparco.
A astronomia de raios gama nos abre novas maneiras de ver nosso universo. O que mais podemos esperar ver no futuro?