Infraspeak angaria 19,5 milhões de dólares para trazer colaboração à gestão de instalações

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Pode não ser o assunto mais atraente, mas a gestão de instalações é fundamental para qualquer empresa que tenha instalações físicas – quanto maior se torna a área ocupada, mais complexo se torna.

A startup portuguesa Infraspeak decidiu resolver isso com uma plataforma tudo-em-um que fornece aos gestores de instalações e aos prestadores de serviços associados informações e controlo operacional sobre tudo o que se passa num determinado local.

Fundada em 2015, a Infraspeak angariou até agora cerca de 20 milhões de dólares em financiamento e garantiu clientes de renome como KFC, Intercontinental e Primark. E para impulsionar a sua próxima fase de crescimento, a startup sediada no Porto disse na segunda-feira que arrecadou mais 18 milhões de euros (19,5 milhões de dólares) em financiamento da Série B.

Muitas peças móveis

Infraspeak founders Felipe Ávila da Costa (CEO) and Luís Martins (CTO)
Infraspeak founders Felipe Ávila da Costa (CEO) and Luís Martins (CTO)Créditos da imagem:Infraspeak

Considere uma empresa de saúde com inúmeros departamentos, equipamentos e prestadores de serviços abrangendo diversas disciplinas, como manutenção e limpeza – muita coisa precisa ser coordenada e gerenciada.

“Gerenciar todas essas partes móveis é um desafio e os riscos são bastante elevados”, disse o cofundador e CEO da Infraspeak, Felipe Ávila da Costa, ao TechCrunch. “Eles (gerentes de instalações) devem acompanhar tudo, desde cronogramas de manutenção preventiva até ordens de serviço, tarefas de limpeza, comunicação com empreiteiros, gestão da qualidade do ar, acordos de nível de serviço, preparação de salas e relatórios de desempenho – tudo isso garantindo a conformidade com os padrões de saúde e segurança.”

É claro que as empresas já gerenciavam tudo isso há muito tempo antes da era digital, mas a tarefa ainda exigia processos manuais significativos e sistemas desarticulados, propensos a erros humanos. Mesmo em tempos mais recentes, as empresas podiam combinar planilhas e softwares diversos projetados para tarefas específicas.

Isto chega ao cerne do que a Infraspeak está a construir: um canal centralizado que une os pontos entre sistemas e processos, permitindo que todas as partes interessadas colaborem num só lugar.

Isto é possível com um espaço de trabalho partilhado, denominado Infraspeak Network. Além de permitir que os gerentes de instalações gerenciem o trabalho interno, como operações de construção e conexão de equipes, o espaço de trabalho também se conecta diretamente a provedores de serviços externos – permitindo que os gerentes solicitem cotações de fornecedores, integrem-nos, atribuam ordens de serviço e acompanhem o progresso. Os prestadores de serviços, por sua vez, podem usar o Infraspeak para enviar orçamentos, comunicar com clientes, partilhar dados operacionais e muito mais.

“Como plataforma colaborativa de gestão de instalações, o Infraspeak permite que as equipas de instalações gerenciem toda a operação de forma coesa – permite que gestores de instalações, funcionários e empreiteiros colaborem num espaço de trabalho digital partilhado”, disse da Costa. “Seja compartilhando dados em tempo real, gerenciando ordens de serviço ou acompanhando a execução de trabalhos, todas as partes interessadas estão conectadas, reduzindo falhas de comunicação e gargalos.”

Infraspeak
Infraspeak.

Com o aumento do trabalho remoto, seria fácil presumir que a procura de tecnologia para ajudar a gerir edifícios comerciais poderá não ser tão elevada como costumava ser. Ignorando o facto de muitas empresas exigirem que os trabalhadores regressem às suas secretárias, a verdade é que existem inúmeras instalações que necessitam de gestão para além dos edifícios de escritórios – desde centros comerciais e hospitais até aeroportos e fábricas.

“A tendência do trabalho remoto não impactou significativamente o nosso negócio”, disse da Costa. “Na verdade, o trabalho remoto tornou o software de gerenciamento de instalações baseado em nuvem mais essencial – ele permite que os gerentes operacionais controlem várias instalações sem estarem constantemente no local. E se considerarmos um dos principais factores que impulsionaram a tendência do trabalho remoto em primeiro lugar, ou seja, a pandemia, então a importância deste tipo de software torna-se ainda mais clara, pois permite gerir a ocupação dos edifícios, aplicar protocolos de saúde e segurança, ou ajustando os horários de limpeza com base no uso do espaço.”

Complexidades

A Infraspeak compete com outras startups, como a KeepX, a Upkeep e a Facilio, que levantaram investimentos de risco significativos nos últimos anos – indicando uma procura crescente por melhores ferramentas de gestão de instalações. Da Costa também apontou uma série de factores que podem estar a impulsionar esta procura, incluindo a crescente complexidade da gestão de edifícios devido ao facto de agora terem mais dispositivos e dados a fluir através deles do que nunca.

Paralelamente, as empresas estão sob crescente pressão para otimizar as operações para cumprir metas rigorosas de sustentabilidade e ESG.

“No geral, os edifícios tendem agora a ter sistemas mais avançados, regulamentações mais rigorosas, grandes redes de fornecedores, preocupações crescentes com a sustentabilidade e pressão para serem eficientes em termos de custos e transparentes para os utilizadores dos edifícios”, disse da Costa.

A Infraspeak conta com cerca de 182 funcionários (ou “Infraspeakers”, como os chama…) em escritórios no Porto, Londres, Barcelona e Florianópolis, e alguns funcionários estão baseados remotamente em outros lugares da América do Sul e da Europa. Com os novos US$ 19,5 milhões no banco, a empresa planeja expandir seu quadro de funcionários em mais 100 pessoas em 2025, incluindo cargos de nível C, como diretor de receitas.

A Europa continua a ser o foco principal da Infraspeak por enquanto, mas a startup também está a expandir-se para a América do Sul e África. Embora a empresa não opere formalmente no mercado dos EUA, ela possui “um pequeno número” de clientes nos Estados Unidos, o que poderia servir como gênese para uma expansão posterior – talvez seja necessário arrecadar mais dinheiro para isso.

“Planejamos aumentar nossa Série C até 2025, e entrar e conquistar o mercado dos EUA será definitivamente o plano até então”, disse da Costa.

A ronda Série B da Infraspeak foi liderada pela Endeit Capital, com a participação da Bright Pixel Capital, Caixa Capital, Innovation Nest e Indico Capital Partners.

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