Musk escapou da proibição do X no Brasil por ‘coincidência’, diz CEO da Cloudflare

O X voltou a ficar online no Brasil no início desta semana, três semanas após a plataforma de Elon Musk ter sido bloqueada por ordens do Supremo Tribunal Federal do Brasil. Isso levou o tribunal superior do Brasil a multar a X Corp. em quase US$ 1 milhão por cada dia em que a plataforma permaneceu acessível no país.

No entanto, o CEO da Cloudflare, Matthew Prince, disse ao TechCrunch que o retorno do X ao Brasil esta semana foi uma “coincidência”.

“Não acho que nada sobre essa mudança tenha sido intencional para superar um bloqueio no Brasil”, disse Prince em uma entrevista ao TechCrunch. “Isso foi literalmente apenas (X) trocando de um fornecedor de TI para outro fornecedor de TI.”

Alguns meses atrás, disse Prince, a Cloudflare ganhou um acordo para fornecer à X serviços de computação em nuvem em várias regiões do mundo, incluindo o Brasil. A X já havia usado a Fastly, uma concorrente da Cloudflare, e a plataforma de mídia social está atualmente no processo de implementação dessa mudança. A troca de provedores também alterou os endereços IP associados à X, o que interrompeu a forma como os provedores de serviços de internet brasileiros estavam bloqueando a plataforma X.

“Nós nunca conversamos com (X) sobre ajudá-los a contornar a barragem brasileira”, disse Prince. “Eles acabaram transferindo um monte de seu tráfego da Fastly para nós, especialmente na região da América Latina, na última semana.”

Prince descreve isso como uma coincidência selvagem, onde sua equipe de vendas ganhou um acordo e, como resultado, acabou inadvertidamente “entrando em algum vórtice geopolítico de loucura de Elon Musk” meses depois. Alguns podem achar isso um pouco difícil de acreditar, dado que Elon Musk já tentou várias vias para contornar a proibição do Brasil sobre X. Musk tentou entregar X diretamente aos brasileiros por meio de seus satélites Starlink no início deste mês, mas depois recuou.

Um porta-voz da X diz que a plataforma mudou de provedor de rede quando o Brasil fechou a X semanas atrás, o que interrompeu sua infraestrutura em todo o resto da América Latina, em uma declaração publicada em sua conta Global Government Affairs. Então, o momento de tudo isso é realmente uma coincidência? Você é o juiz.

No entanto, os reguladores brasileiros dizem que a Cloudflare tem sido extremamente cooperativa em ajudar a rebloquear o X, de acordo com o The New York Times.

O Brasil implementou seu bloqueio exigindo que os ISPs bloqueassem o tráfego para determinados endereços IP. Quando X mudou de Fastly para Cloudflare, portanto, o bloqueio não estava mais em vigor. No entanto, Prince alega que sua empresa não sabia que isso aconteceria e até diz que não acha que X estava ativamente tentando contornar o banimento do Brasil. Ele até criticou o Brasil por usar uma estratégia insuficiente para bloquear X.

“Eles escolheram implementar isso de uma forma que é meio desajeitada e muito frágil”, disse Prince. “Isso pressupõe que X, Twitter, ou seja lá como o chamamos, sempre estará naquele endereço IP… Ele mudou porque eles mudaram para Cloudflare, mas se X estivesse tentando jogar aqui, eles poderiam ter mudado seu endereço IP muito facilmente sem mudar para Cloudflare.”

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